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@rafaelwmq
O torcedor do Santa Cruz que foi aos Aflitos chegou embalado pela recente confirmação da SAF e pelas vitórias sobre Petrolina e Afogados. No entanto, qualquer análise mais cautelosa apontava que o Náutico era ligeiramente favorito, seja pela vitória anterior contra o Ceará, seja pela manutenção de uma base consistente do ano passado.
O que ninguém esperava, especialmente os tricolores, era assistir a um Santa Cruz que dominou 70% da partida, anulou o adversário, criou oportunidades claras, mas saiu de campo derrotado. E o motivo, para muitos, não foi o desempenho inferior, mas sim uma arbitragem que voltou a ser protagonista de maneira negativa.
É necessário deixar claro que as críticas aqui não são à árbitra como pessoa, mas ao desempenho profissional. A sua atuação em jogos decisivos, ao longo do tempo, demonstra falta de preparo técnico, algo que deveria ser óbvio para qualquer organização que busque um mínimo de qualidade. Ainda mais surpreendente – ou revoltante – foi a falta de qualquer tipo de objeção por parte da diretoria coral à escalação da mesma para apitar o primeiro clássico do ano.
E, assim, vimos mais uma vez a repetição de uma história que já se tornou lugar-comum: dirigentes do Santa Cruz que permanecem em silêncio antes do jogo, mas aparecem após o apito final para lamentar e se revoltar com o previsível. Não é exagero dizer que esse clássico expôs uma dinâmica desigual. De um lado, os lobos, que sabem exatamente como tirar proveito das fragilidades do adversário; de outro, os meninos, frágeis e inoperantes nos bastidores, incapazes de proteger o clube antes mesmo da bola rolar.
A recusa do técnico Itamar em conceder entrevistas após o jogo foi uma postura compreensível e digna de quem sabe que, em situações como essa, as palavras pouco importam. Já a indignação tardia do diretor Allan Araújo, por outro lado, reflete a falta de estratégia da gestão coral. Não adianta gritar depois que o prejuízo está consumado.
O histórico recente reforça a indignação tricolor. No ano passado, em outra partida decisiva, um carrinho criminoso de um zagueiro adversário sobre o centroavante coral foi punido apenas com um cartão amarelo. A mesma árbitra, que teve uma atuação polêmica naquela ocasião, foi novamente escalada para o clássico e voltou a errar em lances cruciais. Para quem acompanha o futebol local, isso já não é surpresa, mas a sensação de impunidade e descaso continua incomodando.
No entanto, o Santa Cruz não pode culpar apenas fatores externos. A desorganização estrutural, os anos consecutivos na Série D e a ausência de força política nos bastidores contribuem diretamente para derrotas como a de ontem. A arbitragem pode ser uma vilã, mas a passividade coral é cúmplice constante desse enredo.
Ainda assim, há uma luz no horizonte. Com a chegada da SAF, a esperança é que essa gestão amadora e ineficaz dê lugar a um modelo profissional, capaz de tornar o Santa Cruz novamente competitivo dentro e fora de campo. Essa hegemonia momentânea de adversários em clássicos só será superada quando o clube reassumir sua postura de grandeza e parar de aceitar o papel de vítima.
O torcedor tricolor, cansado e sofrido, segue acreditando que dias melhores estão por vir. Que eles cheguem logo.
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