Inicialmente, não era a intenção do atual presidente do Santa Cruz, Alírio Moraes, permanecer na próxima gestão. Porém, depois de muitas reuniões, ele foi confirmado na chapa da situação pleiteando o Conselho Deliberativo. De acordo com o mandatário, foi um pedido dos companheiros que formam o grupo.
“As pessoas entenderam que a minha missão não está terminada por conta de projetos próximos de mim que estão sendo planejados e ano que vem já podem ter resultados. Então, foi entendido que seria positiva a minha permanência junto com a próxima presidência, caso seja eleita”, disse Alírio.
Nas últimas três temporadas no comando do Santa Cruz, o presidente foi do céu ao inferno. Em 2015, acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro, no ano seguinte, dois títulos (Pernambucano e Nordestão) e rebaixamento para Segunda Divisão, e fechou o último ano de gestão com o rebaixamento para a Terceirona. Experiência que Alírio Moraes enxerga como positiva e que pode ajudar o próximo presidente da Cobra Coral.
“Até me coloquei à disposição de um dos candidatos da oposição, pois se tem uma pessoa que teve uma experiência negativa e positiva, além de testemunho sobre o que tem de bom e ruim no Santa Cruz, sou eu”, revelou.
Questionado sobre as movimentações das chapas para a eleição do Santa Cruz no próximo triênio, Alírio Moraes comemorou o fato do sócio tricolor ter opções para escolher. “Fico feliz pelo lado do amadurecimento de ter três candidatos. Quando fui convidado não tínhamos nenhum. Deixamos o clube numa Série c, mas na Copa do Brasil, em uma posição elevada no ranking da CBF. Houve acertos e erros, que admito”, declarou. “Se por um lado estou feliz passando o bastão para um dos três candidatos, fico triste pelo surgimento de uma linguagem depreciativa ao Santa Cruz no pleito”, acrescentou.
Mesmo encerrando a gestão com o rebaixamento para Série C, Alírio Moraes se mostrou confiante quanto ao futuro do Santa Cruz. “Quero dizer que estamos acabando o ano com o rebaixamento, mas muita coisa boa ainda vai acontecer”, afirmou. “Temos uma governabilidade estabelecida diferente de outros momentos em que os presidentes abandonaram as responsabilidades”, completou o líder do executivo coral.
Alirio também comentou sobre a base coral.
A crise financeira do Santa Cruz atingiu de forma drástica as categorias de base. Isso porque o Tricolor do Arruda não irá participar da próxima edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior marcada para o mês de janeiro. A competição é a maior do país para os jovens jogadores. Estarão representando Pernambuco Sport, Náutico e América. O Porto, de Caruaru, figura carimbada no torneio também ficará de fora.
Em entrevista ao JC, o presidente Alírio Moraes confirmou que a desistência foi por questões técnica e financeira. Ele salientou que os erros obtidos durante a temporada em relação ao time sub-20 deixaram o resultado comprometido.
“Inicialmente, a decisão foi tomada porque chegamos a uma conclusão que o projeto implantado na base em 2017 ficou muito aquém daquilo que era esperado como resultado. Tenho convicção, que com a limitação financeira imposta e as dificuldades de campo, entre outras coisas, o resultado deste ano ficou muito comprometido”, explicou o presidente do Santa Cruz.
Alírio Moraes admitiu o insucesso com as categorias de base e disse ter sugestões no setor para o próximo gestor. Vale lembrar que ele concorre na chapa de situação “Construindo com a força da União” ao cargo de presidente do Conselho Deliberativo. Enquanto o ex-presidente Antônio Luiz Neto busca assumir pela terceira vez o executivo. “Acho que a base é um dos departamentos para começarmos do zero a partir do próximo ano com um novo gestor. Existem vários modelos para serem trabalhados”, destacou o mandatário.
O presidente do Santa Cruz lamentou o fato do clube não repetir os feitos da última temporada. Alírio frisou que o time coral não poderia chegar na Copa São Paulo de Futebol Júnior despreparado. “Não conseguimos repetir a performance de 2016 quando fomos vice do Pernambucano, chegamos na segunda fase da Copinha e revelamos André Luís, por exemplo. Neste ano, por uma série de limitações, foi um gesto de defesa nosso. Não poderíamos chegar em uma competição deste porte tão despreparados”, pontuou o atual líder do executivo.
O Santa Cruz tinha aceitado o convite para participar da Copinha no último mês de setembro. Mas a desistência não vai prejudicar a Cobra Coral. O presidente Alírio Moraes conversou com as Federações Pernambucana e Paulista de Futebol, e de forma amigável, o clube tricolor deixou a competição.
A grave crise administrativa e financeira chegou até a vida particular do próprio presidente Alírio Moraes, que assumiu dívidas particulares para realizar pagamentos do Santa Cruz. Consequência que ele não se arrepende de ter tomado a favor do Tricolor do Arruda. “Depois de três anos, posso afirmar que carreguei o clube nas costas com muita luta e sacrifício pessoal e profissional. Contrai dívidas. Vou encerrar a gestão pagando essas dívidas no campo pessoal em prol do clube”, admitiu o presidente.
Alírio Moraes ainda ressaltou o tamanho da necessidade da atitude que precisou tomar durante essas três temporadas. “Nos últimos anos, não conheço um presidente que tenha colocado a mãe no bolso, com a exceção de Jonas Alvarenga”, lembrou. “Me orgulho e muito de ter sacrificado o meu lado pessoal e profissional pelo Santa Cruz”, finalizou o mandatário.
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